Uma vida em uma decada
Eu ainda estou me perguntando o por que de estar escrevendo sobre o fim desta decada quando ainda estamos em Outubro. Mas, e sobre isso que tenho que falar, diz minha intuicao, entao vamos la. :)
Quanta coisa aconteceu nestes dez, quase onze anos que vivo aqui em Los Angeles. Casei, descasei, juntei, separei, juntei de novo, tive uma filha linda...in a nut shell, como dizem os americanos, e isso ai. Mas nao e so isso.
Posso dizer com muita seguranca e alivio que nao sou mais a mesma pessoa de ha dez anos. Muita coisa aprendi, cresci com as experiencias e paguei o preco das minhas escolhas (e continuo pagando). O preco mais alto, Deus e quem sabe, e estar longe da minha familia que eu amo tanto. Quantas lagrimas ja chorei por nao ter o abraco da minha mae (ai, engole o choro, bobona!)e seu carinho quando estava passando por alguma crise. Ou o conselho sempre sensato do meu pai e seu humor sem igual (quem o conhece sabe do que falo). Nao posso esquecer dos meus irmaos queridos e sobrinhos amados (um ainda nem conheco). Internet, web cam e telefone quebram um galho, mas nao substituem a presenca. Jamais.
Mas foi aqui, longe do meu pais e da minha familia, que me encontrei. E que recebi os dois maiores presentes da minha vida - o primeiro, minha filha, amor verdadeiro e puro que nem sei se mereco. O segundo, foi o terreiro e a familia estendida que la encontrei. Bencao divina, agua para minha sede.
Dizem que nada e por acaso e certamente nao foi por acaso que eu fui parar num terreiro de umbanda fora do Brasil, nos States, for heavens sake! Minha estoria com a umbanda e antiga, pois minha avo materna e meu avo paterno eram mediuns e trabalhavam em terreiro.
Minha avo tinha um altar na casa dela. Toda vez que iamos visita-la ela me levava no quarto para ver o altar - "Filha, nao trago ninguem aqui, so voce" - e me explicava o significado de tudo. Eu, pequenina, nao entendia e morria de medo (fui criada catolica).
Enfim, depois de muito procurar e me descabelar, acabei indo parar no terreiro. Nao posso nem comecar a descrever a gratidao que sinto a Espiritualidade maior, ao Baba, ao Pai Pequeno e a todo o grupo mediunico pela acolhida carinhosa.
Vejo a chegada ao terreiro como um divisor de aguas na minha vida - o que antes era importante, passou a ser secundario. Alias, nao. Depois que encontrei o que estava procurando, tudo o mais tomou a perspectiva do que sempre havia sido - secundario. E como se olhar no espelho e finalmente se enxergar.
Uma vida em uma decada se parece mais com varias vidas em uma decada - nestes dez anos, ja fui artesa, jardineira (hobby), passista (ate na TV eu apareci, pode?), marketeira (ainda sou), esposa, descolada e disponivel, mae da Sophia (meu predileto). Mas, na verdade o certo nao seria dizer "eu sou", mas "eu estou". Estou Marcia, apenas um ser humano tentando caminhar, ainda que aos trancos e barrancos, em direcao a espiritualidade maior e a verdadeira vida.
Paz e luz!
Post a Comment